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sábado, 11 de janeiro de 2014

BOOKS FEED YOUR MIND X: JOSEPH CONRAD





Joseph Conrad, escritor de língua inglesa mas de origem polaca, foi um dos mais modernos homens de letras do seu tempo.

Viajado e cosmopolita – foi embarcado na marinha mercante - correu mundo e buscou inspiração e enredo em muito do que viu e sentiu.

Da sua colectânea de contos, sugestivamente chamada “Tales of unrest” e que teve para português a tradução de “Histórias inquietas”, deixo um excerto do conto “Um posto avançado do progresso”.



Os "civilizadores" e os "selvagens". Quem era quem?



   “Viviam como cegos numa sala grande, apercebendo-se apenas do que entrava em contacto directamente com eles (e apenas imperfeitamente), incapazes de ver o aspecto geral das coisas. O rio, a floresta, toda aquela extensão de terra palpitante de vida, eram, para eles, apenas uma imensa solidão. Mesmo a luz brilhante do sol não lhes revelava o que quer que fosse. As coisas apareciam-lhes e desapareciam-lhes da frente dos olhos sem intencionalidade nem ligação. O rio parecia vir de nenhures e correr para nenhures. Fluía no vazio. Deste vazio, às vezes, saíam canos e homens com lanças nas mãos que invadiam dum momento para o outro o pátio do posto. Vinham nus, dum negro reluzente, eram perfeitos de membros e usavam adornos de conchas brancas e fios de latão ao pescoço. Falavam num blá-blá estranho e gutural, caminhavam com altivez e lançavam com aqueles olhos espantados e sempre em movimento olhares rápidos e selvagens. Os guerreiros acocoravam-se em compridas filas de quatro ou mais homens em frente à varanda, enquanto os chefes discutiam durante horas com Makola sobre uma presa de elefante. Sentado numa cadeira, Kayerts seguia da varanda o debate sem perceber patavina. Olhava para eles com os olhos azuis muito abertos e chamava por Carlier em voz alta: - Olhe! Olhe para aquele tipo ali; e o outro, à esquerda. Já viu alguma vez uma cara assim? Que animal!”

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